Articulação Temporomandibular
A ATM é a Articulação entre o osso Temporal e a Mandíbula (articulação têmporo-mandibular) e está localizada na frente dos ouvidos e a utilizamos quando falamos, mastigamos ou engolimos. É a articulação responsável pelos movimentos da boca. Temos, portanto, duas ATMs, uma de cada lado da face ligando a mandíbula (em forma de ferradura) à nossa cabeça. Interpondo esta articulação existe um disco articular fibrocartilaginoso que facilita os movimentos mandibulares, por sua vez está inserido nele ligamentos que estabilizam este disco na posição correta. Envolvendo esta articulação existe também uma cápsula articular composta por músculos, vasos sanguíneos, e nervos. De todas as articulações do corpo, as ATMs são as que concentram o maior número de terminações nervosas, por isso são comumente acometidas de distúrbios dolorosos.
Disfunção de ATM
A Disfunção da ATM é o funcionamento anormal da articulação têmporo-mandibular, ligamentos, músculos da mastigação, ossos da maxila e mandíbula, dentes e estruturas de suporte dentário. Assim como andar com calçados inadequados por muito tempo ocasiona lesões nas articulações dos pés e joelhos, mastigação desequilibrada, perdas dentárias, problemas posturais, hábitos noturnos indesejáveis, ou mesmo, hábitos como roer unha, cutícula ou até mesmo mascar chicletes em excesso, provocam lesões nas ATMs. No início se percebe pequenos barulhos (estalidos) ao abrir e fechar a boca. Com o passar do tempo, esses barulhos podem ser acompanhados de dor, desvios na trajetória de abertura da boca, dificuldades na mastigação e dor ao mastigar, limitação de abertura bucal, dores de cabeça, dores de ouvido e até zumbidos. A disfunção têmporo-mandibular (DTM) pode ocorrer tanto em crianças como em adultos. A incidência é igual entre homens e mulheres. Os sintomas dolorosos são mais frequentes nas mulheres.
Tratamento da Disfunção de ATM
O tratamento das disfunções temporomandibulares depende sempre do correto diagnóstico da patologia. O diagnóstico nas disfunções são complexos devido ao carater multifatorial da doença e nem sempre são evidentes. O histórico da evolução da doença, uma anamnese bem detalhada, exames clínicos e físicos e exames de imagem como as radiografias, tomografias e ressonância magnética são fundamentais no correto fechamento do diagnóstico. Com o diagnóstico fechado podemos elaborar um plano de tratamento que pode ser conservador ou cirúrgico.
Tratamento Clínico
O tratamento conservador consiste em reabilitar a oclusão e estabilizar o sistema estomatognático do paciente, podendo se lançar mão de muitos recursos terapêuticos, como por exemplo: implantes dentários para repor perdas dentárias, uso de aparelhos ortodônticos para nivelar e linhar os arcos dentários, placas de mordida para proteger os dentes ao apertamento dental e promover relaxamento muscular e alívio dos sintomas dolorosos, fisioterapia com calor local, eletroestimulação, emprego do Laser terapêutico, acupuntura, medicamentos anti-inflamatórios e relaxantes musculares, hipnose, uso da toxina botulínica e a viscossuplementação.
A escolha do método de tratamento conservador irá depender do diagnóstico, da cronicidade da lesão e intensidade dos sinais e sintomas.
Placa oclusal
Laser
Toxina botulínica
Viscossuplementação
Tratamento Cirúrgico
O tratamento cirúrgico das disfunções têm sua indicação quando detectamos desarranjos físicos das estruturas articulares, que podem ter indicações imediatas para cirurgia ou quando o tratamento conservador não conseguiu restabelecer a harmonia articular e os sinais e sintomas voltam ou mesmo aumentam com o passar do tempo. Nunca devemos pensar que o tratamento cirúrgico seja o último recurso para tratamento, isso certamente levará ao insucesso do tratamento, já que existem indicações precisas para o tratamento cirúrgico, ou seja, quando existir comprometimento da função, tendo como causa alteração da morfologia seguida ou não da queixa de dor. O tratamento cirúrgico atua diretamente na articulação corrigindo algum desarranjo interno da articulação, promovendo uma mudança da estrutura anatômica alterada ou doente, restabelecendo a função mastigatória e aliviando os sintomas dolorosos.
O deslocamento do disco articular é considerado a patologia articular mais comum da ATM e é caracterizada por uma relação de mal posicionamento do disco articular em relação a cabeça da mandíbula (côndilo). Este deslocamento do disco articular pode ser classificado como: deslocamento com redução e deslocamento sem redução.
No deslocamento com redução, durante a abertura bucal, ocorre o reposicionamento do disco, neste momento pode ser percebido um estalo articular, a abertura bucal permanence num limite considerado normal e no momento do fechamento da boca, ocorre novamente o deslocamento do disco para a posição anterior e um novo estalo pode ser detectado, com ou sem sintomatologia dolorosa. O deslocamento sem redução é a evolução de um deslocamento com redução não tratado ou indevidamente tratado. Neste tipo de deslocamento a limitação da abertura bucal é frequentemente associada pois durante a abertura bucal a cabeça da mandíbula empurra o disco articular anteriormente ainda mais, ocorrendo compressão dos tecidos retrodiscais e geralmente fortes dores. A cronicidade do deslocamento do disco sem redução promove deformações do disco, perfurações, aderências e consequentemente restrição da abertura bucal e aumento dos sintomas dolorosos.
Tipos de Cirurgia da ATM
Existem métodos específicos com indicações precisas para cada técnica. Mas de forma genérica podemos considerar a abordagem cirúrgica da ATM como uma cirurgia fechada ou aberta.
A cirurgia fechada se faz com uso de equipamentos de última geração, denominados artroscópios. Com o advento dos artroscópios de ATM é posível realizar uma cirurgia de ATM sem cortes, apenas 2 ou 3 furinhos por onde entram os instrumentais e a fibra óptica.
A cirurgia aberta é quando há necessidade de cortar a pele e se realiza um acesso cirúrgico que permite a visualização direta. Na cirurgia aberta da ATM a incisão é realizada junto a prega auricular e a cicatriz não costuma ser um motivo de preocupação.
Substituições Articulares
As substituições articulares ou reconstruções articulares, são realizadas quando temos um quadro avançado de degeneração articular pela osteoatrite/osteoartrose, quando a articulação é acometida por um grande cisto ou tumor, ou mesmo quando é acometida por uma fratura explosiva da cabeça mandibular. As reconstruções articulares podem ser realizadas com enxertos ósseos ou próteses articulares.
As próteses articulares podem sem divididas em 2 grupos: 1- Standard ou de "prateleira" que são próteses pré fabricadas e ficam armazenadas na prateleira para pronto uso emergencial. 2- Customizadas ou personalizadas, são próteses individualizadas para cada indivíduo, por meio da tomografia computadorizada associada ao processo CAD-CAM. Estas são superiores em termos de adaptação, menor tempo cirúrgico e portanto tornam a cirurgia mais segura.